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O GAPP – Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento, fundado por Sérgio Augusto Penna Kehl em 1976, ganhou renome a partir da atuação em projetos de Design e Ergonomia para grandes estatais. O GAPP atuou de forma multidisciplinar numa miríade de projetos bastante ampla e diversa. Entendemos que tal capacidade de atuação se deu por uma visão de projeto incentivada por seu fundador, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica, onde foi também professor da primeira disciplina de projeto de produto que se tem notícias (FERREIRA & BRAGA, 2022). A pesquisa origina-se de tese de doutorado em andamento que busca caracterizar o GAPP e sua história, tratando-se de pesquisa em História Social do Design, e faz-se sobre a Micro-história e História das Ideias. Kehl desenvolveu um entendimento sobre o projetar que construiu-se sobre as bases da teoria da criatividade de Alex Osborn e seu livro "Applied Imagination" (1953), também sobre conceitos dos Human Factors a partir do trabalho de Ernest J. McCormick em "Human Engineering" (1957), além do "Designing for People" de Henry Dreyfuss (1955). O Método Osborn é entendido por Kehl como um método “humanóide”, um processo criativo organizado criado a partir de faculdades e limitações naturais e universais do ser humano para otimizar sua capacidade inovadora, o que se aproxima em conceito do Human Factors, que visava a otimização de ambientes e interfaces às capacidades humanas, mecânicas ou cognitivas buscando seu melhor rendimento. Ou seja: “há sinergia e coerência entre ambos os assuntos naquilo que se propõem: organização e otimização de tarefas – sejam mecânicas, sejam cognitivas, sejam criativas” (FERREIRA & BRAGA, 2022). Sua abordagem projetual foi aplicada em toda sorte de projetos do GAPP (KEHL, 1998). Há, entretanto, certa novidade bastante fecunda nos trabalhos desenvolvidos e que nasce de uma unidade da concepção de Projeto que não diferencia por princípio o Design, da Engenharia da Ergonomia ou de outras áreas, e que pode ser muito bem ilustrada pelo projeto do ônibus de dois andares – o Fofão – realizado para a cidade de São Paulo em 1987. O tempo para realização do projeto foi de apenas 120 dias, entre pesquisa, projeto e protótipo finalizado. Os requisitos do projeto – altura limite, duplo andar, motorização, chassis, capacidade, equipe de mecânicos e montagem etc – fazem com que a discussão sobre o ônibus seja um problema único e completo, de responsabilidade de toda sua equipe formada por designers, arquitetos, engenheiros mecânicos, sem distinção entre problemas desta ou daquela área de atuação, ou deste ou aquele tipo de profissional, nem entre profissionais técnicos ou criativos. A solução final com altura de 4,26m (menor que sua contraparte britânica de 4,40m) faz-se por uma combinação de organização de bancos inspirada nos aviões Jumbo, junto a uma solução de chapas de 1,5mm de espessura dobradas de tal forma a tornarem-se estruturais do piso entre os andares, e ainda fornecendo a altura necessária para os passageiros caminharem pelos corredores. Entendemos que essa unidade de concepção de projeto seja uma das características mais marcantes do GAPP.