Resumo:

Objetivo desta apresentação é discutir de maneira crítica as evidências clínicas de melhora da qualidade de vida nos pacientes com trombose venosa profunda aguda (TVP) dos membros inferiores submetidos à desobstrução venosa em relação aos pacientes tratados com anticoagulantes somente. Há poucos trabalhos na literatura que estudam a história da evolução natural da TVP e a incidência da síndrome pós-trombótica (SPT ). Um trabalho prospectivo com 10 anos de seguimento de pacientes com TVP submetido a tratamento com anticoagulantes (Janssen e col. 1997), mostrou que a SPT com sintomas moderados incide em 31% dos pacientes e com sintomas severos em 2%. Diante disso, torna-se necessário identificar o paciente que irá se beneficiar com a indicação dos mesmos. Segundo Delis e col. (2004) os pacientes com TVP ilíacofemoral extensa têm maior incidência de SPT e formas mais graves e mais de metade dos pacientes apresentam claudicação venosa restritiva após 10 anos de acompanhamento. Na década de 90 trabalhos de grupos escandinavos mostraram excelentes resultados com a trombectomia cirúrgica na prevenção da SPT (Plate e col.1997), no entanto esses resultados nunca foram repetidos por muitos outros serviços em todo o mundo. Apesar de muitos trabalhos com uso de fibrinolíticos por via sistêmica terem demonstrado que há um grande benefício na prevenção da SPT a sua aplicação tornou-se inviável devido principalmente aos riscos de hemorragia grave. A fibrinólise cateter-dirigida com a utilização de doses muito menores de fibrinolíticos mostrou-se bastante eficaz e com resultados bastante animadores (Comerota e col. 2007). No entanto as evidências científicas que sustentam a remoção dos trombos na fase aguda são de baixa qualidade. Os estudos multicêntricos randomizados não são consistentes devido à heterogenicidade dos pacientes e muitos apenas reportam os resultados técnicos imediatos (Meissner e col. 2012).