Setembro 2018 vol. 2 num. 1 - Symposium of Philosophical and Academic Advising

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A RECUSA ÉTICA NO JOVEM LUKÁCS: CONTORNOS E LIMITES DA SUBJETIVIDADE EM TEORIA DO ROMANCE.

Mendes, Bruno Moretti Falcão ;

Artigo:

Para Lukács, o romance caracteriza-se como uma forma por excelência da modernidade exatamentepor tornar-se um sistema representativo do caráter fragmentário do momento histórico. Pois bem, torna-seimprescindível articular a problemática do romance moderno com o estatuto do conceito de ironia, pois, pelorecurso irônico subsiste a única possibilidade de conferir sentido e unidade à realidade, já que ao nível darealidade efetiva o sentido não se faz mais presente. Eis a situação complexa do conteúdo da ironia, que permiteestabelecer coesão e ordem através da vontade criadora dos ideais subjetivos, seja do escritor, seja do heróimoderno no interior da obra, porém, obedecendo à objetividade normativa do romance enquanto gêneroépico, a fragmentação do mundo deve estar contida na configuração artística, não havendo, portanto, umdesdobramento ilimitado da subjetividade. O aspecto composicional do romance movimenta-se na contradiçãoentre a subjetividade criadora – a ética subjetiva do escritor – e as condições objetivas da realidade socialfragmentária. A ironia adquire um papel estrutural decisivo para o romance, um intervalo mínimo de recusacrítica ao presente, ainda que de modo abstrato, lírico e reflexivo, porque está radicada em solo subjetivo, poisela representa o elemento abstrato e reflexivo que mantém o equilíbrio entre a intenção subjetiva do autor e aobjetividade do conteúdo. E tal conteúdo é, como dissermos acima, carregado de complexidade. Para Lukács, orecurso irônico, enquanto autocorreção da subjetividade, permanece tão subjetivo quanto à própria intençãomeramente subjetiva, e faz ressaltar um duplo caráter da subjetividade irônica: a criação da uma realidadeformal no interior da obra, tendo em vista que no plano empírico a realidade é impenetrável aos sentidos e que,por conseguinte, torna-se a única via capaz de produzir uma unidade e totalidade. Para Lukás, noparadigmático Bildungsroman Os Anos de aprendizado de Wilhelm Meister, Goethe opera de forma exemplara homogeneização das estruturas do mundo no interior da obra, por meio da idealização subjetiva dopersonagem principal e apenas subjetivamente, dado o caráter impenetrável da realidade efetiva. Todavia, aconciliação e totalidade épica levada a cabo no interior do romance não são uma recusa consciente doantagonismo entre o sujeito e o mundo, mas um tensionamento entre ambos. E é esse espaço de recusa doromance enquanto gênero épico comprometido com uma narrativa sobre a realidade objetiva que faz comque Lukács distancie-se da recepção do conceito irônico de Schlegel e difundida no Primeiro Romantismo,fundada no subjetivismo radical e que, segundo Lukács, abstraía o substrato épico do romance, orientando-seunicamente pela via subjetiva da interioridade.

Artigo:

Palavras-chave: Lukács. Ética. Novela. Subjetividade. Romantismo,

Palavras-chave:

DOI: 10.5151/sofia2017-04

Referências bibliográficas
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  • [8] TERTULIAN, Nicolas. Georg Lukács: etapas de seu pensamento estético. Tradução de Renira Lisboa
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  • [10] NOVALIS. Werke, Tagebücher und Briefe. Munique: Carl Hanser, 1978.
Como citar:

Mendes, Bruno Moretti Falcão; "A RECUSA ÉTICA NO JOVEM LUKÁCS: CONTORNOS E LIMITES DA SUBJETIVIDADE EM TEORIA DO ROMANCE.", p. 64-78 . In: . São Paulo: Blucher, 2018.
ISSN 2358-6567, DOI 10.5151/sofia2017-04

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