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Um tema de grande importância apresentado no livro de Judá Abravanel, Diálogos de Amor, é a suavisão cosmológica, onde o filósofo expressa sua visão da criação. Seguindo a filosofia neoplatônica, o Criador évisto como a suprema unidade. O objetivo deste trabalho é entender como são usados na obra os conceitos deunidade e multiplicidade. Na cosmologia de Abravanel, a passagem da unidade para a multiplicidade estápresente em tudo o que é criado, mesmo objetos criados por pelo homem. O amor é o elo entre todos os seresdo cosmos e a explicação da presença do amor em todos os seres é o que orienta a argumentação do texto. Aorigem do amor é explicada no terceiro e último diálogo. E é neste ponto do texto que Abravanel passa a nosdizer como ocorreu a criação. O amor é apresentado como parte da essência Divina e existente desde antes dacriação. O mundo é gerado quando Deus tem amor por sua própria Beleza e se une com ela. Segundo Abravanel,para que qualquer coisa seja criada é necessária a presença de dois princípios. A criação é uma passagem daunidade para a multiplicidade porque o mundo criado é uma cópia perfeita da Beleza divina, onde as essênciasde todos os seres do mundo criado estão em unidade. A criação dos corpos do céu pelas inteligências tambémocorre pela visão da Beleza e pelo amor à Ela. No mundo material, a inteligência do planeta terra cria todas asespécies através do mesmo processo. Todos os seres da natureza são o resultado da contemplação de suasessências. Essas essências estão em unidade na Alma do Mundo e passam para multiplicidade quando formamos corpos materiais. A alma do mundo cria os humanos da mesma maneira, mas quando contempla a unidadeda Beleza divina ela cria o intelecto humano. Dotado de intelecto, o humano é o único capaz de contemplar abeleza das ideias. Quando é criado um objeto artificial por mãos humanas, esta criação é também resultado dapassagem da unidade para a multiplicidade, porque ocorre a partir de uma visão intelectual da ideia do objeto.Ao criar o objeto artificial com seu esforço, o homem faz a passagem da unidade da ideia do objeto para amultiplicidade da materialização do mesmo. Mas os humanos também são responsáveis pelo retorno àunidade. Quando o homem vê e ama a beleza expressa em objetos materiais, é importante que ele tenhaconsciência de que a beleza que ele vê não está na matéria que compõe o objeto, mas sim na ideia que moldoua matéria. Em outras palavras, a beleza nunca está na multiplicidade,mas sim na unidade.