Setembro 2022 vol. 10 num. 3 - III Jornada de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Design - UFMA
Resumo - Open Access.
"Acessibilidade Digital: princípios e diretrizes do Design da Informação para usuário com deficiência auditiva"
Digital Accessibility: Information Design principles and guidelines for hearing impaired users
Neves, Fernanda Fonseca ; Obregon, Rosane de Fátima Antunes ; Furtado, Cássia Cordeiro ;
Resumo:
"Em um contexto efervescido por tecnologias inovadoras de informação e comunicação, assume importância analisar como as pessoas com deficiência auditiva estão interagindo com as novas tecnologias digitais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que há acerca de 1,5 bilhões de pessoas com problemas auditivos (WHO, 2021). No país, segundo o Ministério da Saúde existem acerca de 5,8 milhões de cidadãos com alguma deficiência auditiva (BRASIL, 2017). Nesse sentido, é possível destacar que o acesso à informação, é reconhecido como um direito indispensável, assegurado na Constituição Federal (BRASIL, 1988). A acessibilidade, permite que as TIC sejam desenvolvidas de forma planejada, proporcionando condições de aprendizagem e interação às pessoas com deficiência. Pois, essas pessoas devem usufruir dos direitos a informação bem como de comunicação de maneira igualitária, que possibilite a interação, tendo a acessibilidade digital como propulsora dessas oportunidades (DICK, GONÇALVES; VITORINO, 2017). A acessibilidade digital constitui a base conceitual para estruturar as propostas para esses usuários, possibilitando serviços e produtos em meios digitais acessíveis para todos. Emerge nesse cenário, a contribuição da área do Design para auxiliar na estruturação de propostas alinhadas com o perfil do usuário surdo. De acordo com Quintão e Triska (2013) a contribuição do Design da Informação visa aperfeiçoar o processo na comunicação analógica e digital. Nessa perspectiva, o estudo tem como destaque as pessoas com deficiência auditiva, as quais enfrentam diversos obstáculos, como por exemplo, o problema de ausência de acessibilidade em não utilizar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Segundo Moraes, Gonçalves e Scandolara (2017), ocorre devido ao desconhecimento das especificidades e falta de adaptações ou projetos de interfaces acessíveis para ambientes digitais. De acordo com Obregon et al (2015) a construção de uma interface acessível é complexa, necessita de conhecimentos interdisciplinares para o desenvolvimento de uma estrutura web, como tecnologias assistivas, normas de acessibilidade, bem como o conteúdo a ser contido. Nesse sentido, torna-se relevante a utilização de diretrizes para a compreensão de características e técnicas de acessibilidade. Dessa forma, a informação deve ser representada de acordo com as diretrizes para ambientes web de informação (PERRY; QUIXABA, 2017), conforme as orientações específicas, tornando os processos adequados para todos (MARTINS; TIZIOTTO; CAZARINI, 2016). Assim, identificam-se normas que norteiam a elaboração de interfaces acessíveis, as recomendações e diretrizes da Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) e, nacionalmente, o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG) (BRASIL, 2020), documentos que disponibilizam recomendações para avaliar a acessibilidade de artefatos digitais. Portanto, torna-se essencial para estruturar alternativas de inclusão digital, acessibilidade entendida como a qualidade no que é acessível, com facilidade no trato e na aquisição (BECHARA, 2009). Assim, é importante um design inclusivo, onde possa desenvolver uma interface com flexibilidade no uso e adaptada ao usuário com deficiência auditiva, possibilitando o uso intuitivo e um design de fácil compreensão (MORAES; GONÇALVES; SCANDOLARA, 2017). Bonsiepe (1999) ressalta que o Design da Informação auxilia na representação visual dos conteúdos, com a junção das etapas de seleção, classificação, organização e estilos visuais, viabilizando a disseminação da informação. Grilo, Rodrigues e Silva (2019 p.78) enfatizam que o Design da Informação foi constituído como apoio ao entendimento do conteúdo alterando a forma, duração e complexidade na apresentação das informações para usuário surdo. Com o advento das tecnologias digitais, faz-se necessário investigar como a comunidade surda está sendo contemplada no universo da Acessibilidade Digital. Nessa perspectiva, surge o questionamento de pesquisa: Como estruturar o Design da Informação em interface de Ambiente Virtual de Aprendizagem/AVA na promoção da acessibilidade de usuário surdo? Dessa forma, propõe-se como objetivo geral analisar a estruturação do Design da Informação da interface em AVA na promoção da acessibilidade de usuário surdo. Com os objetivos específicos almeja-se: a) Identificar os elementos visuais que estruturam a interface de AVA para acessibilidade de usuário surdo; b) Verificar a experiência do usuário surdo no uso da interface de AVA; c) Propor recomendações para estruturação do Design da Informação em interface de AVA para acessibilidade de usuário surdo. Assim, o norteador da pesquisa, terá uma abordagem inclusiva, circunscrito à usuários com deficiência auditiva. A pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva pois propõe realizar a Revisão Sistemática de Literatura (RSL) para reunir o estado da arte das pesquisas na área; mapear a interface do Sistema Integrado de Gestão de Atividade Acadêmica/SIGAA/UFMA, visando identificar os elementos visuais do design da informação na promoção da acessibilidade digital, seguindo as diretrizes de acessibilidade para conteúdo Web (WCAG) e modelo de acessibilidade em governo eletrônico (EMAG); na sequência, aplicar a técnica do Grupo Focal a fim de compreender a experiência do usuário surdo no uso do SIGAA. Nessa linha metodológica, pretende-se elaborar um substrato teórico-prático sobre a composição do design da informação da interface e aderência às diretrizes de acessibilidade digital para usuário surdo. Como contribuição final da pesquisa, propõe-se criar recomendações para acessibilidade digital da interface do ambiente virtual – SIGAA, para usuários com deficiência auditiva."
Resumo:
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Palavras-chave: Design da Informação; Surdo; Ambiente Virtual de Aprendizagem; SIGAA,
Palavras-chave: -,
DOI: 10.5151/jopdesign2022-8
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Como citar:
Neves, Fernanda Fonseca; Obregon, Rosane de Fátima Antunes; Furtado, Cássia Cordeiro; ""Acessibilidade Digital: princípios e diretrizes do Design da Informação para usuário com deficiência auditiva"", p. 35-38 . In: Anais da III Jornada de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Design - UFMA.
São Paulo: Blucher,
2022.
ISSN 2318-6968,
DOI 10.5151/jopdesign2022-8
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