Trabalho Epidemiológico:

**INTRODUÇÃO:** A sífilis é uma doença causada pelo Treponema pallidum, transmitida principalmente durante as relações sexuais, mas também através de objetos perfuro cortantes contaminados e de forma vertical durante o parto. Tradicionalmente conhecida como uma doença típica da população de adultos jovens, além de sua forma congênita, algumas mudanças epidemiológicas vem chamando atenção. Com envelhecimento da população associado ao desenvolvimento de meios que prolongam a vida sexual, como a terapia de reposição hormonal e os medicamentos para impotência, e com o surgimento de meios de ampliação do acesso a parceiros como as redes sociais de relacionamento, a prevalência de doenças sexualmente transmissíveis entre a população idosa vem aumentando. **OBJETIVOS: **Analisar e comparar a tendência temporal das notificações de sífilis em idosos no Brasil entre 2009 e 2019. **METODOLOGIA: **Trata-se de um estudo ecológico, tipo série temporal. A população é composta por homens e mulheres acima dos 60 anos e o número de notificações por sífilis em idosos foi obtido no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIHSUS). Foram construídos três grupos para análise: grupo I (60 a 69 anos), grupo II (70 a 79 anos) e grupo III (80 anos ou mais), e os dados destes no período de tempo selecionado foram comparados. **RESULTADOS: **No ano de 2009, houve um total 29 internações por sífilis em idosos. Destas, 14 eram do grupo I, com taxa de internação (TI) de 1,33 por milhão de habitantes; 10 eram do grupo II (TI: 1,73/milhão de hab.), e 5 eram do grupo III (TI:1,54/milhão de hab). Ao considerar as mesmas faixas etárias em 2019, encontrou-se 111 internações do grupo I (TI:7,0/milhão de hab); 82 do grupo II (TI:9,95/milhão de hab) e 29 do grupo III (TI:7,89/milhão de hab), ou seja, um total de 222 internações. **CONCLUSÕES: **Observa-se que nos últimos 10 anos houve um aumento de 665,5% de sífilis em idosos. Que se justifica pelo envelhecimento ativo, no qual há aumento da qualidade de vida, incentivo à socialização e retomada de vínculos ao envelhecer, de modo que há um prolongamento da vida sexual, nem sempre com o uso de preservativos. As políticas públicas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis não enfatizam a população idosa, por isso é importante a atualização dos profissionais da saúde quanto à essa nova realidade, a fim de que a história sexual e o uso de preservativos sejam abordados no atendimento de idosos, para que o diagnóstico seja precoce e o tratamento imediato.