Artigo:

"O Prêmio Design Museu da Casa Brasileira foi realizado entre 1986 e 2022, com poucas interrupções. Com o objetivo de incentivar o design e sua adoção pela indústria nacional, passou por diversas transformações e se consolidou junto à categoria profissional dos designers. Esta pesquisa levantou informações sobre sua criação e consolidação, além de analisar as principais transformações ocorridas na estrutura de categorias, visando entender os motivos e interesses subjacentes a essas alterações. Como objetivo principal, elencamos alguns apontamentos e diretrizes que poderão contribuir para o debate sobre os rumos da premiação, caso o poder público retome o projeto. O estudo tem natureza qualitativa e adota a micro-história como método de abordagem na delimitação dos recortes gerais, na identificação das peculiaridades do objeto de estudo e de sua relação com contextos históricos mais amplos, fundamentando a narrativa sobretudo na exploração de fontes primárias. Para tanto, adotaram-se como referencial teórico autores como Barros (2007) e Braga e Ferreira (2023). Além da análise de documentos e publicações produzidos pelo museu, jurados e informações veiculadas pela imprensa, recorremos também à memória de atores diretamente envolvidos na trajetória do Prêmio, adotando a história oral como abordagem e método para a realização de entrevistas e o tratamento da memória, seguindo os preceitos éticos de coleta e divulgação dos dados, tendo como referências Alberti (2013) e Neves (2003). A partir da seleção e análise de onze momentos-chave de mudança nas categorias, mapeamos algumas questões suscitadas à época, refletindo sobre as soluções apresentadas, seus desdobramentos e a percepção dos entrevistados em relação a essas transformações. As análises foram organizadas em seis eixos: os dois primeiros dedicados às reflexões sobre a abrangência e os objetivos da premiação; no terceiro e quarto, foram apresentadas questões de ordem organizacional e relacionadas à estrutura de categorias da premiação; o quinto eixo buscou refletir sobre o público-alvo e o tipo de produção abarcado; por fim, o sexto eixo traz reflexões sobre suas perspectivas futuras. De modo geral, entendemos que o ponto de partida para a discussão de perspectivas futuras será a delimitação do escopo do Prêmio Design, optando por assumir um perfil mais vinculado ao escopo temático institucional, isto é, com foco no universo da casa, ou por se posicionar como um prêmio de design mais amplo, abrangendo diversas áreas de atuação. Caso seja adotado o primeiro, caberá uma reflexão sobre quais componentes que integram a residência serão abarcados, além de definir mais claramente o entendimento e os limites do morar, definindo as fronteiras entre casa e trabalho, casa e lazer ou casa e saúde, que muitas vezes estão imbricados no espaço doméstico. Por outro lado, ao se optar por um prêmio de design abrangente, será fundamental a revisão das categorias para torná-lo mais representativo, incorporando outros segmentos ainda não contemplados, para além dos projetos de produtos. Assim, identificamos que essa é uma decisão fundamental que norteará outras escolhas e ponderações, inclusive em relação à permanência do prêmio dentro da programação do MCB."