Artigo:

Neste trabalho apresentamos uma parte dos resultados da pesquisa de campo realizada em Havana, Cuba, durante os meses de abril e maio de 2022 como parte das atividades de recolecção de dados para desenvolver a tese de Doutorado em andamento titulada “O design e precariedade. Entre Cuba e o Nordeste do Brasil” que tem como objeto de estudo artefatos criados pela população em situações de precariedade material e econômica no contexto do Nordeste do Brasil nas décadas de 1950 e 1960 e em Cuba nos anos 1990. Os objetos procurados em Cuba seriam os que atendessem o critério de serem artefatos feitos pela própria população a partir de materiais descartados, reutilizados ou reaproveitados. Fotografias encontradas nas coleções do arquivo da Fototeca Nacional de Cuba, assim como várias publicações encontradas na Biblioteca Nacional José Martí (UBIERNA e GOMEZ, 1999; COLL, 1995), serão utilizadas como as principais fontes de estudo para interpretação, pois ao contrário do Brasil, tais artefatos não fazem parte de coleções físicas. Vários exemplos deste tipo de produção popular foram registrados em fotografias, entre eles ventiladores, brinquedos, copos plásticos, diversos utensílios domésticos, até mesmo embarcações improvisadas que foram usadas para deixar a ilha durante o êxodo de 1994; em suma, artefatos que cobriam várias necessidades diárias. Depois desta pesquisa de campo, e na análise dos dados recolhidos, decidimos trabalhar no estudo e interpretação de objetos utilitários criados com plástico, onde o processo de produção é artesanal e de pequena escala, não sendo exatamente produtos de reuso, mas de reciclagem o que os tornam diferentes dos objetos localizados no Nordeste do Brasil - confeccionados com partes de objetos que mantem rastros do que foram -, pois nos objetos de plástico a matéria prima é transformada totalmente para dar forma a um novo artefato.