Setembro 2018 vol. 2 num. 1 - Symposium of Philosophical and Academic Advising
Artigo - Open Access.
AS IDEALIZAÇÕES DO FEMININO E AS OBRAS DE MANET NO SÉCULO XIX
Franconeti, Marina Mastrangelo ;
Artigo:
A pesquisa consiste na análise da representação da imagem feminina na pintura do século XIX, pormeio da idealização do feminino com a figura de Ofélia, de Hamlet, retomada no século em questão, e a obrado pintor impressionista Édouard Manet, cujo quadro Olympia é considerado por T.J.Clark o “quadro fundadorda modernidade” em A pintura da vida moderna. Considera-se o período que compreende o século XIX emParis a fim de identificar as alterações na compreensão da figura feminina na arte moderna. Assim como acidade de Paris passa por um processo de modernização urbanística no final do século XIX, a mulher tambémapresenta, na arte, outras facetas nessa Paris enigmática. Torna-se difícil, então, definir o feminino entre asnovas condições econômicas da cidade e até mesmo a representação que ela assume na Arte. Desta forma, suafiguração incita o estudo acerca da nudez, do corpo e a nova maneira de contemplar o sujeito na cidade. Comefeito, o estudo da figuração da mulher, na pintura do século XIX, concentra-se nas idealizações representadaspor artistas no Salon, como o voyeurismo e a representação no leito de morte. Em meio a inúmeras figuraçõesde episódios mitológicos, bíblicos e a referência ainda forte de Vênus, personagens literárias também obtinhamespaço entre os temas. Neste ponto, a personagem Ofélia, de Hamlet, é determinante para pensar o fetiche narepresentação do desfalecimento da personagem feminina. A leitura que será feita acerca de Ofélia, por suavez, abordará a leitura detida de trechos escolhidos de Hamlet, de Shakespeare, com a finalidade de apontar asduas imagens distintas criadas desta personagem, pela pintura do Salon, a de pureza e a da loucura sexual,apoiando-se também na obra de Bram Dijkstra, Idols of perversity. Na sequência, propõe-se a leitura dos ensaiosde Émile Zola para pensar o espaço do artista e a sua defesa à Édouard Manet, o qual recebeu inúmeras críticaspor suas obras O almoço na relva e Olympia. Por conseguinte, será feita uma análise da obra Na estufa, deManet, a partir do estudo de Jonathan Crary em Suspensões da percepção, acerca de sua recepção no Salon eos signos dispostos na obra. A escolha de Na estufa conduz às observações sobre o estado de atenção e dedissociação na modernidade, bem como a influência do artifício na sociedade de espetáculo a qual começa a seapresentar entre o universo dos cafés-concerto e os bares do século XIX. Assim, a obra de Manet é umcontraponto à representação das idealizações no Salon, questionando o espaço do espectador quanto à obra eàs exigências concedidas pela Academia.
Artigo:
Palavras-chave: Filosofia. Estética. Arte Moderna. Gênero. Pintura,
Palavras-chave:
DOI: 10.5151/sofia2017-10
Referências bibliográficas
- [1] BOURDIEU, Pierre. Manet – Une révolution symbolique. Paris, Editions du Seuil, coleção Raisons
- [2] d’agir, 2013.
- [3] CLARK, T.J. A pintura da vida moderna: Paris na arte de Manet e de seus seguidores. Trad. José
- [4] Geraldo Couto. São Paulo: Companhia das Letras, 200
- [5] CRARY, Jonathan. Suspensões da percepção: atenção, espetáculo e cultura moderna. São Paulo:
- [6] Cosac Naify, 2013.
- [7] DIJKSTRA, Bram. Idols of perversity. New York: Oxford University Press, 1986.
- [8] SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- [9] SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti Simioni. O corpo inacessível: as mulheres e o ensino artístico nas
- [10] academias do século XIX. ArtCultura, Uberlândia, v. 9, n. 14, p. 83-97, jan.-jun. 2007
Como citar:
Franconeti, Marina Mastrangelo; "AS IDEALIZAÇÕES DO FEMININO E AS OBRAS DE MANET NO SÉCULO XIX", p. 165-182 . In: .
São Paulo: Blucher,
2018.
ISSN 2358-6567,
DOI 10.5151/sofia2017-10
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