Resumo:

Este artigo apresenta resultados de testes de inserção de textos em português em dispositivos móveis equipados com telas sensíveis ao toque e teclados virtuais do tipo QWERTY, por meio dos quais se buscou analisar a eficiência do design do teclado e em que medida este influencia a ocorrência de erros e a performance geral obtida por diferentes usuários. Nos testes conduzidos neste experimento, foi solicitado a oito participantes com diferentes perfis que inserissem frases predefinidas cuja característica principal é a utilização de todas as letras do alfabeto, podendo ou não apresentar acentuação ou pontuação, em diversos aparelhos, configurados de diferentes formas quanto ao uso de autocorretores e tecnologias assistentes. A interação dos usuários com o teclado foi gravada em vídeo, de forma a possibilitar a análise visual dos diferentes tipos de empunhadura empregados, as preferências do usuário relativas ao uso de tec nologias de assistência à digitação, a ocorrência de erros na digitação das frases, as maneiras como estes são corrigidos em cada configuração apresentada e o percurso dos dedos pelo teclado. Por meio do cruzamento dos dados contabilizados na análise de cada vídeo com as características das frases e dos aparelhos em cada fase do teste, foi possível estabelecer diferentes relações entre a configuração utilizada e performance obtida pelo usuário. Os resultados dos testes mostraram que as tecnologias de assistência à digitação têm grande influência no modo como os usuários pesquisados digitam textos, sobretudo no tocante às peculiaridades da língua portuguesa (tais como o elevado uso de acentos e caracteres especiais), havendo casos nos quais os usuários puderam ignorar o processo de acentuação e uso de cedilhas e estes foram corrigidos com sucesso pelos autocorretores utilizados. Uma análise preliminar do mapeamento das teclas e do percurso dos dedos durante a digitação revelou que a dimensão das teclas, nos aparelhos estudados, seria suficiente se considerado o eixo ve rtical, mas inadequado se considerado o eixo horizontal. O estudo também revelou que, se considerada a inserção de textos por meio do uso de dois polegares, a divisão da carga entre os dois dedos é feita arbitrariamente por cada usuário e mantida, independente do tipo de frase a ser digitada, sugerindo, desta forma, caminhos para a análise da adequação do arranjo QWERTY às especificidades da língua portuguesa.

Artigo selecionado para publicação na ERGODESIGN & HCI (http://periodicos.puc-rio.br/index.php/revistaergodesign-hci) — Disponível em breve