Junho 2019 vol. 2 num. 1 - Encontro Anual da Biofísica 2019

Artigo completo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

AVALIAÇÃO FRACTAL DA REDE VASCULAR DA MEMBRANA DO SACO VITELÍNICO DE EMBRIÕES DE CODORNA JAPONESA (COTURNIX JAPONICA) EXPOSTOS AO CAMPO MAGNÉTICO DE BAIXA FREQUÊNCIA COM DIFERENTES INTENSIDADES

AVALIAÇÃO FRACTAL DA REDE VASCULAR DA MEMBRANA DO SACO VITELÍNICO DE EMBRIÕES DE CODORNA JAPONESA (COTURNIX JAPONICA) EXPOSTOS AO CAMPO MAGNÉTICO DE BAIXA FREQUÊNCIA COM DIFERENTES INTENSIDADES

Araújo, Victor Felipe da Silva ; Costa, Edbhergue Ventura Lola ; Nogueira, Romildo de Albuquerque ;

Artigo completo:

O aumento do número de aparelhos elétricos e eletrônicos nos mais variados locais (residências, hospitais, escolas, empresas, laboratórios) faz com que a pessoas convivam com a poluição eletromagnética com variáveis níveis de potência e frequência. Tem sido sugerido que campos magnéticos (CMs) e campos eletromagnéticos (CEMs) de 50 a 60 Hz são capazes de produzirem diversos efeitos adversos em humanos e animais, por exemplo: câncer; doenças neurodegenerativas; distúrbios na reprodução; efeitos neuropsíquicos; alterações citogenéticas; alterações no sistema cardiovascular, nervoso, neuroendócrino e imunológico; distúrbios do crescimento e desenvolvimento; variação dos perfis hematológicos e bioquímicos (ANSELMO et al., 2005). Estudos reportam vários efeitos de CMs e CEMs no sistema vascular sanguíneo. A ação de CEMs de 900 MHz (valor de emissão do telefone celular) afeta o fluxo sanguíneo cerebral e a atividade neuronal em humanos (HUBER et al., 2002; WOLF et al., 2006; AALTO et al., 2006). CMs e CEMs podem produzir alterações na vasculogênese (surgimento dos primeiros vasos sanguíneos), na angiogênese (surgimento de vasos a partir de vasos pré-existentes), vasodilatação e vasoconstrição (TEPPER et al., 2004; MCKAY et al., 2007; BEKHITE et al., 2010; COSTA et al., 2013). Segundo Delle Monache et al. (2008) o CEM de frequência extremamente baixa (CEM-FEB) pode influenciar na proliferação, migração e formação do tubo endotelial (etapas da angiogênese). Vários modelos que representam a rede vascular sanguínea demonstraram algum efeito promovido pela ação de CMs. Experimentos realizados por Martino et al. (2010) evidenciaram que o CM estático pode promover o aumento da proliferação de células endoteliais de veias umbilicais humanas (CEVUH). Em contraste, Li et al. (2007) presenciaram que o CM impediu o crescimento de CEVUH. Pesquisadores têm evidenciado que CMs podem gerar inibição da angiogênese na membrana corioalantóide (MCA) de embriões de galinha (RUGGIERO et al., 2004; WANG et al., 2009; BALANEZHAD et al., 2010); bem como a inibição da vasculogênese e angiogênese da membrana do saco vitelínico (MSV) de embriões de codorna japonesa (COSTA et al., 2013; COSTA; NOGUEIRA, 2015). Cada efeito parece depender da intensidade, frequência, tempo de exposição ao CM, podendo também considerar quanto ao tipo de emissão (CM pulsátil ou estático) e a susceptibilidade da espécie. Diante os resultados contraditórios da ação do CM sobre a angiogênese e a carência de trabalhos diante a ação do CM sobre vasculogênese, existe a necessidade de realização de mais pesquisas na tentativa de entender os efeitos promovidos pela ação de CMs de baixa frequência sobre a rede vascular sanguínea.

Artigo completo:

O aumento do número de aparelhos elétricos e eletrônicos nos mais variados locais (residências, hospitais, escolas, empresas, laboratórios) faz com que a pessoas convivam com a poluição eletromagnética com variáveis níveis de potência e frequência. Tem sido sugerido que campos magnéticos (CMs) e campos eletromagnéticos (CEMs) de 50 a 60 Hz são capazes de produzirem diversos efeitos adversos em humanos e animais, por exemplo: câncer; doenças neurodegenerativas; distúrbios na reprodução; efeitos neuropsíquicos; alterações citogenéticas; alterações no sistema cardiovascular, nervoso, neuroendócrino e imunológico; distúrbios do crescimento e desenvolvimento; variação dos perfis hematológicos e bioquímicos (ANSELMO et al., 2005). Estudos reportam vários efeitos de CMs e CEMs no sistema vascular sanguíneo. A ação de CEMs de 900 MHz (valor de emissão do telefone celular) afeta o fluxo sanguíneo cerebral e a atividade neuronal em humanos (HUBER et al., 2002; WOLF et al., 2006; AALTO et al., 2006). CMs e CEMs podem produzir alterações na vasculogênese (surgimento dos primeiros vasos sanguíneos), na angiogênese (surgimento de vasos a partir de vasos pré-existentes), vasodilatação e vasoconstrição (TEPPER et al., 2004; MCKAY et al., 2007; BEKHITE et al., 2010; COSTA et al., 2013). Segundo Delle Monache et al. (2008) o CEM de frequência extremamente baixa (CEM-FEB) pode influenciar na proliferação, migração e formação do tubo endotelial (etapas da angiogênese). Vários modelos que representam a rede vascular sanguínea demonstraram algum efeito promovido pela ação de CMs. Experimentos realizados por Martino et al. (2010) evidenciaram que o CM estático pode promover o aumento da proliferação de células endoteliais de veias umbilicais humanas (CEVUH). Em contraste, Li et al. (2007) presenciaram que o CM impediu o crescimento de CEVUH. Pesquisadores têm evidenciado que CMs podem gerar inibição da angiogênese na membrana corioalantóide (MCA) de embriões de galinha (RUGGIERO et al., 2004; WANG et al., 2009; BALANEZHAD et al., 2010); bem como a inibição da vasculogênese e angiogênese da membrana do saco vitelínico (MSV) de embriões de codorna japonesa (COSTA et al., 2013; COSTA; NOGUEIRA, 2015). Cada efeito parece depender da intensidade, frequência, tempo de exposição ao CM, podendo também considerar quanto ao tipo de emissão (CM pulsátil ou estático) e a susceptibilidade da espécie. Diante os resultados contraditórios da ação do CM sobre a angiogênese e a carência de trabalhos diante a ação do CM sobre vasculogênese, existe a necessidade de realização de mais pesquisas na tentativa de entender os efeitos promovidos pela ação de CMs de baixa frequência sobre a rede vascular sanguínea.

Palavras-chave: -,

Palavras-chave: -,

DOI: 10.5151/biofisica2019-14

Referências bibliográficas
  • [1] AALTO, S.; HAARALA, C.; BRÜCK A.; SIPILÄ, H.; HÄMÄLÄINEN H.; O RINNE, J. Mobile phone affects cerebral blood flow in humans. Journal of Cerebral Blood Flow & Metabolism, v.26, p.885–890, 2006.
  • [2] ANSELMO, C.W.S.F.; BION, F.M.; CATANHO, M.T.J.A.; MEDEIROS, M.C. Possíveis efeitos adversos dos CEM (50/60 Hz) em humanos e em animais. Ciência & Saúde Coletiva, v.10, p.71-82, 2005.
  • [3] AVAKIAN, A.; KALINA, R.E.; SAGE, E.H.; RAMBHIA, A.H.; ELLIOTT, K.E.; CHUANG, E.L.; CLARK, J.I.; HWANG, J.; PARSONS-WINGERTER, P. Fractal analysis of region-based vascular change in the normal and non-proliferative diabetic retina. Current Eye Research, v.24, n.4, p.274-280, 2002.
  • [4] BALANEZHAD, S.Z.; PARIVAR, K.; BAHARARA, J.; KOUCHESFEHANI, H.M.; ASHRAF, A. The effect of extremely low frequency electromagnetic field on angiogenesis. Research Journal of Environmental Sciences, v.4, n.3, p.300-304, 2010.
  • [5] BEKHITE, M.M.; FINKENSIEPER, A.; ABOU–ZAID, F.A.; EL-SHBAGY, I.K.; OMAR, K.M.; FIGULLA, H-R.; SAUER, H.; WARTENBERG, M. Static electromagnetic fields induce vasculogenesis and chondro-osteogenesis of mouse embryonic stem cells by reactive oxygen species-mediated up-regulation of vascular endothelial growth factor. Stem Cells and Development, v.19, p.731-743, 2010.
  • [6] BASSINGTHWAIGHTE, J.B.; LIEBOVITCH, L.S.; WEST, B.J. Fractal physiology. New York: Oxford University Press, 1994. 364 p.
  • [7] BORBA, F.K.S.L.; COSTA, E.V.L.; POLLI, V.A.B.; COELHO, D.S.; MARASCHIN, M.; DIAS, P.F.; NOGUEIRA, R.A. Pro-angiogenic Activity Assay of Chondroitin Sulfate and Glucosamine Sulfate on Vascular Network of Mouse and of Chick Embryo Chorioallantoic Membrane. Journal of Glycobiology, v.6, n.3, p.1000129, 201
  • [8] COSTA, E.V.L.; JIMENEZ, G.C.; BARBOSA, C.T.F.; NOGUEIRA, R.A. Fractal analysis of extra-embryonic vascularization in japanese quail embryos exposed to extremely low frequency magnetic fields. Bioelectromagnetics, v.34, n.2, p.114-121, 2013.
  • [9] COSTA, E.V.L.; NOGUEIRA, R.A. Multifractal dimension and lacunarity of yolk sac vasculature after exposure to magnetic field. Microvascular Research, v.99, p.1–7, 2015.
  • [10] COSTA, E.V.L.; NOGUEIRA, R.A. Fractal, multifractal and lacunarity analysis applied in retinal regionsof diabetic patients with and without non-proliferative diabetic retinopathy. Fractal Geometry and Nonlinear Analysis in Medicine and Biology, v.1, n.3, p.112-119, 2015.
  • [11] CHEUNG, N.; DONAGHUE, K.C.; LIEW, G.; ROGERS, S.L.; WANG, J.J.; LIM, S.W.; JENKINS, A.J.; HSU, W.; LEE, M.L.; WONG T.Y. Quantitative assessment of early diabetic retinopathy using fractal analysis. Diabetes Care, v.32, n.1, p.106-110, 2009.
  • [12] DELLE MONACHE, S.; ALESSANDRO, R.; IORIO, R .; GUALTIERI, G .; COLONNA, R. Extremely low frequency electromagnetic fields (elf-emfs) induce invitro angiogenesis process in human endothelial cells. Bioelectromagnetics, v. 29, p.640 -648, 2008.
  • [13] FAMILY, F.; MASTERS, B.R.; PLATT, D.E. Fractal pattern formation in human retinal vessels. Physica D, v.38, p.98 -103, 1989.
  • [14] KIRCHNER, L. M.; SCHMIDT, S.P.; GRUBER, B.S. Quantitation of angiogenesis in the chick chorioallantoic membrane model using fractal analysis. Microvascular Research, v. 54, p.2 -14, 1996.
  • [15] KUNICKI, A.C.B.; OLIVEIRA, A.J.; MENDONÇA, M.B.M.; BARBOSA, C.T.F.; NOGUEIRA, R.A. 2009. Can the fractal dimension be applied for the early diagnosis of non-proliferative diabetic retinopathy? Brazilian Journal of Medical and Biological Research. v.42, n.10, p.930-934, 2009.
  • [16] HUBER, R.; TREYER, V.; BORBÉLY, A.A.; SCHUDERER, J.; GOTTSELIG, J.M.; LANDOLT, H.-P.; WERTH, E.; BERTHOLD, T.; KUSTER, N.; BUCK, A.; ACHERMANN, P. Electromagnetics fields, such as those from mobile phones, alter regional cerebral blood flow and sleep and waking EEG. Journal Sleep Research, v. 11, p.289 – 295, 2002.
  • [17] LI, F.; XU, K.-W.; WANG, H.-C.; GUO, W.-Y.; HAN, Y.; LIU, B.; ZHANG, R.-Q. Effects of static magnetic field on human umbilical vessel endothelial cell. Journal of Medical Colleges of PLA, v.22, p.106-110, 2007.
  • [18] MARTINO, C.F.; PEREA, H.; HOPFNER, U.; FERGUSON, V.L.; WINTERMANTEL, E. Effects of weak static magnetic fields on endothelial cells. Bioelectromagnetics, v.31, p.296-301, 2010.
  • [19] MCKAY, J.C.; PRATO, F.S.; THOMAS, A.W. A literature review: The effects of magneticfield exposure on blood flowand blood vessels in the microvasculature. Bioelectromagnetics. v.28, p.81-98, 2007.
  • [20] MANCARDI, D.; VARETTO, G.; BUCCI, E.; MANIERO, F.; GUIOT, C. Fractal parameters and vascular networks: facts & artifacts. Theoretical Biology and Medical Modelling, v.5, n.12, p.1-8, 2008.
  • [21] MCKAY, T.L., GEDEON, D.J., VICKERMAN, M.B., HYLTON, A.G., RIBITA, D., OLAR, H.H., KAISER, P.K., PARSONS-WINGERTER, P. Selective inhibition of angiogenesis in small blood vessels and decrease in vessel diameter throughout the vascular tree by triamcinolone acetonide. Investigative Ophthalmology & Visual Science, v.49, p.1184-1190, 2008.
  • [22] PARSONS-WINGERTER, P.; ELLIOTT, K.E.; CLARK, J.I.; FARR, A.G. Fibroblast growth factor-2 selectively stimulates angiogenesis of small vessels in arterial tree. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v.20, p.1250-1256, 2000.
  • [23] RUGIERO, M.; BOTTARO, D.P.; LIGURI, G.; GULISANO, M.; PERUZZI, B.; PACINI, S. 0.2T Magnetic field inhibits angiogenesis in chick embryo chorioallantoic membrane. Bioelectromagnetics, v. 25, p. 390-396, 2004.
  • [24] SILVA, M.M.S; ALMEIDA, T.H.S., COSTA, E.V.L., SILVA, J.E.S. NOGUEIRA, R.A. Crescimento vascular em membrana do saco vitelínico e desenvolvimento embrionário de codornas japonesas (Coturnix japonica) expostas a campo magnético de baixa frequência. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.66, n.4, p.1003-1009, 2014.
  • [25] TEPPER, O.M.; CALLAGHAN, M.J.; CHANG, E.I.; GALIANO, R.D.; BHATT, R.D.; BAHARESTANI, S.; GAN, J.; SIMON, B.; HOPPER, R.A.; LEVINE, J.P.; GURTNER, G.C. Electromagnetic fields increase in vitro and in vivo angiogenesis through endothelial release of FGF-2. FASEB Journal, v.18, p.1231–1233, 2004.
  • [26] TAVERNA, G., COLOMBO, P., GRIZZI, F., FRANCESCHINI, B., CEVA-GRIMALDI, G., SEVESO, M., GIUSTI, G., PICCINELLI, A., GRAZIOTTI, P. Fractal analysis of two-dimensional vascularity in primary prostate cancer and surrounding non-tumoral parenchyma. Pathology Research and Practice. v.205, p.438–444, 2009.
  • [27] VÝBOH, P.; ZEMAN, M.; BILČÍK, B.; ŠÁRNIKOVÁ, B.; KOŠŤÁL, Ľ. Angiogenic effect of leptin in the quail chorioallantoic membrane. Acta Veterinaria Brno, v.79, p.13-17, 2010.
  • [28] WANG, Z.; YANG, P.; XU, H.; QIAN, A.; HU, L.; SHANG, P. Inhibitory effects of a gradient static magnetic field on normal angiogenesis. Bioelectromagnetics, v.30, p.446-453, sep. 2009.
  • [29] WOLF, M.; HAENSSE, D.; MORREN, G.; Froehlich, J. Do GSM 900MHz signals affect cerebral blood circulation? A near-infrared spectrophotometry study. Optics Express, v. 14, p.6128 – 6141, 2006.
Como citar:

Araújo, Victor Felipe da Silva; Costa, Edbhergue Ventura Lola; Nogueira, Romildo de Albuquerque; "AVALIAÇÃO FRACTAL DA REDE VASCULAR DA MEMBRANA DO SACO VITELÍNICO DE EMBRIÕES DE CODORNA JAPONESA (COTURNIX JAPONICA) EXPOSTOS AO CAMPO MAGNÉTICO DE BAIXA FREQUÊNCIA COM DIFERENTES INTENSIDADES", p. 47-50 . In: Anais do Encontro Anual da Biofísica 2019. São Paulo: Blucher, 2019.
ISSN 2526--607-1, DOI 10.5151/biofisica2019-14

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações