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Circulação de ideias antropofágicas: um projeto de identidade cultural espelhado em capas de revistas brasileiras

Circulation of anthropophagic ideas: a project of cultural identity mirrored in Brazilian magazine covers

SIQUEIRA, Leonardo Coelho ; BRAGA, Marcos da Costa ;

Artigo:

A identidade cultural brasileira é um tema delicado que merece atenção e cuidado. Diversos projetos de identidade foram desenvolvidos em território nacional desde o final do século XIX até o início do século XX. Nesse processo, muitos intelectuais da elite brasileira refletiram sobre o que seria a ideia de nação e o que poderia ser entendido como “brasilidade”. Bresciani (in Hardman, 1998) afirma que os projetos de identidade cultural no Brasil foram forjados em um movimento político, buscando afirmar ideias de nação dentro de sistemas e projetos políticos. Na efervescência do início do século XX, ocorreu a Semana de Arte Moderna em São Paulo, um marco importante para se pensar em um possível resgate do que seria uma cultura “pura” brasileira, mesmo que muitos teóricos compreendam que a cultura nacional é fruto de um processo de miscigenação e de apagamento. A Antropofagia, que também foi guiada pelo grupo de intelectuais paulistas que organizou a Semana de Arte Moderna, foi proclamada logo após, em 1928, por Oswald de Andrade, através do Manifesto Antropófago. No manifesto, é apresentado um conjunto de ideias antropofágicas, que circulariam em território nacional por meio do periódico Revista de Antropofagia, onde o manifesto foi publicado. Assim, as ideias antropofágicas ganharam força e adeptos em todo o país, muito impulsionadas pela criação dos Clubes de Antropofagia. Nesse sentido, entende-se que essas ideias chegaram à sociedade de forma direta ou indireta, pela expansão e "escalada" desses ideais. Considerando isso, os periódicos emergem como o principal veículo de comunicação impressa da época, funcionando como uma fonte primária que poderia revelar se houve, e em que medida, um espelhamento desses elementos de identidade nacional (defendidos pela Antropofagia oswaldiana) neles. Em um primeiro momento, buscou-se entender como isso foi absorvido nas revistas paulistanas, onde foi possível perceber uma assimilação das ideias antropofágicas nas capas. A escolha pelas revistas se justifica, pois, além de serem periódicos, também possibilitam verificar manifestações gráficas através das ilustrações em suas capas. Em Siqueira (2023), foram elencados diversos elementos da Antropofagia que poderiam ser representados visualmente nessas capas. Além disso, foi possível identificar quatro categorias de análise que orientam a tese a que este resumo se refere. As categorias de análise são: (1) Raça e Etnia; (2) Tropicalidade, fauna e flora; (3) Festividades e costumes; (4) Regionalismos, lendas e folclore nacionais. Essas categorias guiarão a busca por elementos representados em capas de revistas que circularam em todo o território nacional, com destaque para os estados da federação mencionados nas revistas: Amazonas, Pará, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, visto que já se observou no estado de São Paulo.

Artigo:

Brazilian cultural identity is a delicate topic that deserves attention and care. Various identity projects have been developed in the national territory from the late 19th century to the early 20th century. In this process, many Brazilian intellectuals reflected on what the idea of a nation would be and what could be understood as "brasilidade”. Bresciani (in Hardman, 1998) asserts that cultural identity projects in Brazil were forged in a political movement, seeking to affirm ideas of nation within political systems and projects. In the fervor of the early 20th century, the Week of Modern Art took place in São Paulo, marking an important moment for considering a possible recovery of what would be a "pure" Brazilian culture, even though many theorists understand that national culture is the result of a process of miscegenation and erasure. Anthropophagy, which was also guided by the group of São Paulo intellectuals who organized the Week of Modern Art, was proclaimed shortly thereafter, in 1928, by Oswald de Andrade, through the Antropophagist Manifesto. The manifesto presents a set of anthropophagic ideas that would circulate nationally through the periodical Revista de Anthropophagy, where the manifesto was published. Thus, anthropophagic ideas gained strength and followers throughout the country, greatly propelled by the creation of the Clubs of Anthropophagy. In this sense, it is understood that these ideas reached society directly or indirectly through the expansion and "escalation" of these ideals. Considering this, periodicals emerge as the primary printed communication vehicle of the time, serving as a primary source that could reveal whether, and to what extent, there was a reflection of these elements of national identity (advocated by Oswaldian Anthropophagy) within them. Initially, the aim was to understand how this was absorbed in São Paulo magazines, where it was possible to perceive an assimilation of anthropophagic ideas in the covers. The choice of magazines is justified, as they not only serve as periodicals but also allow for the verification of graphic manifestations through the illustrations on their covers. In Siqueira (2023), various elements of Anthropophagy that could be visually represented on these covers were identified. Additionally, it was possible to identify four categories of analysis that guide the thesis to which this summary refers. The categories of analysis are: (1) Race and Ethnicity; (2) Tropicality, fauna and flora; (3) Festivities and customs; (4) Regionalisms, national legends, and folklore. These categories will guide the search for elements represented on magazine covers that circulated throughout the national territory, with a focus on the states mentioned in the magazines: Amazonas, Pará, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, and Rio Grande do Sul, since observations have already been made in the state of São Paulo.

Palavras-chave: design gráfico brasileiro, identidade cultural, antropofagia, história do design gráfico brasileiro,

Palavras-chave: Brazilian graphic design, cultural identity, anthropophagy, history of Brazilian graphic design,

DOI: 10.5151/8spdesign-040

Referências bibliográficas
  • [1] "BRESCRIANI, S. Forjar a identidade brasileira nos anos 1920-1940. In: HARDMAN, F. F. Morte e progresso: cultura brasileira como apagamento de rastros. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
  • [2] REVISTA DE ANTROPOFAGIA. São Paulo: 1a dentição, n. 1-10, 1928.
  • [3] REVISTA DE ANTROPOFAGIA. In: Diário de São Paulo. São Paulo, 2a dentição, n. 1-15, 1928-1929.
  • [4] SIQUEIRA, L. Design Gráfico Brasileiro e a Antropofagia: um estudo histórico-analítico das capas de revistas de ideias e cultura paulistas (1929-1939). Dissertação (Mestrado em Design), Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design. São Paulo, p. 616, 2. v., 2023."
Como citar:

SIQUEIRA, Leonardo Coelho; BRAGA, Marcos da Costa; "Circulação de ideias antropofágicas: um projeto de identidade cultural espelhado em capas de revistas brasileiras ", p. 149-151 . In: Anais do 8º SPDesign - Seminário de Pesquisa do PPG Design FAU USP. São Paulo: Blucher, 2024.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/8spdesign-040

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