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Espaços públicos e privados com árvores no tecido urbano, incluindo parques, jardins, ruas e praças, entre outros, desempenham um papel fundamental ao oferecer benefícios ambientais, estéticos e de saúde pública, contrabalançando os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelo crescimento das concentrações urbanas (PEARLMUTTER et al., 2017). No entanto, as atividades de poda e supressão de árvores nas cidades geram grandes volumes de resíduos, incluindo galhos e troncos de diferentes dimensões, cujas destinações comuns são aterros sanitários, lixões e queima a céu aberto. Apesar disso, existem oportunidades de aproveitamento, seja por meio da sua valorização energética (combustão direta/lenha; carvão; briquetagem/paletização; etanol) ou da matéria (condicionador de solos; extrativos; compósitos; produtos sólidos) (MEIRA, 2010). Revisões preliminares indicam que a literatura existente tende a se concentrar na valorização energética, enquanto as abordagens voltadas para produtos sólidos parecem ser menos exploradas. Nesse contexto, a pesquisa de doutorado visa reconhecer como as atividades de design podem apoiar e promover iniciativas e processos voltados à valorização de resíduos madeireiros de poda e supressão de árvores urbanas em produtos e serviços com valor de mercado, buscando mapear oportunidades, desafios e estratégias nessa direção. Para tanto, serão realizados estudos de casos notáveis, em âmbito nacional e internacional, por meio de questionários, entrevistas semiestruturadas e documentação do desenvolvimento de produtos e serviços com esse material. As iniciativas serão selecionadas, inicialmente, por meio de revisões narrativas e sistemáticas da literatura científica e cinzenta. A pesquisa pressupõe que os benefícios do aproveitamento desses resíduos podem variar dependendo do contexto específico, mas que impactos positivos podem acontecer em nível ambiental (evitar manejo ilegal como queima a céu aberto; redução do volume destinado ao tratamento e disposição em aterro; redução da poluição e degradação), social (geração de novos postos de trabalho e fontes de renda; desenvolvimento de pequenos negócios; projetos de capacitação) e econômico (geração de novos empreendimentos; estímulo à economia local; possibilidade de produção de artefatos de elevado valor agregado em escala industrial e/ou artesanal). Finalmente, considerando a complexidade dos processos de gestão e manejo da arborização urbana e de seus resíduos, o estudo propõe enfatizar as abordagens de Design para a Inovação Social (MANZINI, 2017) e de Design Sistêmico (NELSON; STOTERMAN, 2012; JONES; AEL, 2022), que consideram a multiplicidade de atores que se posicionam em diferentes etapas da cadeia produtiva com habilidades e interesses distintos, que precisam convergir para criar novas relações de valor, capazes de estruturar novos significados e oportunidades (produtos, serviços e modelos).