Trabalho Experimental:

"**INTRODUÇÃO**: O alcoolismo é um problema de saúde pública que está entre os cincos principais fatores de risco para doenças, deficiências e mortes no mundo. Seu tratamento visa estabilizar a abstinência pela prevenção dos episódios de recaídas. No entanto, evidências indicam que a manifestação de sintomas depressivos durante a abstinência ao etanol aumenta a probabilidade de recaída e indica um prognóstico ruim. Portanto, estudos que avaliem a utilização de novas abordagens terapêuticas capazes de suprimir os sintomas depressivos durante a abstinência ao etanol são de grande interesse. Nesse sentido, a melatonina (MLT) é um hormônio com efeitos antidepressivos e antioxidantes. Assim, é de grande interesse a avaliação do potencial efeito neuroprotetor da MLT contra a depressão induzida pela abstinência ao etanol.**OBJETIVO**: Avaliar efeito da MLT no comportamento do tipo depressivo e estresse oxidativo induzidos pela abstinência ao etanol em camundongos.**MÉTODOS**: Camundongos suíços machos (40-55 dias, 30-40g) foram gavados com etanol (2g/Kg) ou salina 0,9% (controle) por 14 dias, seguidos de 5 dias de abstinência, nos quais receberam MLT (10mg/Kg, intraperitoneal- i.p.) ou veículo (salina 0.9%, i.p.). No quinto dia, 30 minutos após o último tratamento os animais foram submetidos aos testes de nado forçado (TNF), suspensão pela cauda (TSC), campo aberto (CA) e decapitados para extração do cérebro e dosagem de glutationa (GSH) no córtex e hipocampo. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CEUA/UFMT, (protocolo 23108.204115/2017-25). A análise entre os grupos foi realizada por ANOVA de duas vias, seguida do teste de Newman-Keuls. Diferenças significativas expressas em P<0,05.**RESULTADOS**: A abstinência ao etanol aumentou o tempo de imobilidade tanto no TNF (P<0,05), quanto no TSC (P<0,05) em relação ao grupo controle. A MLT preveniu o aumento da imobilidade no TNF (P<0,05) e no TSC (P<0,05).  Nenhum tratamento alterou a locomoção no CA (P>0,05). Os animais submetidos à abstinência alcoólica demonstraram níveis menores de GSH no córtex pré-frontal (P<0,05) em relação ao grupo controle. Entretanto, esse efeito foi prevenido pelo tratamento com MLT (P<0,05). Os tratamentos não alteraram os níveis de GSH no hipocampo (P>0,05).**CONCLUSÕES**: A melatonina apresentou efeito neuroprotetor contra o comportamento do tipo depressivo induzido pela abstinência ao etanol que pode estar associado à redução do estresse oxidativo no córtex pré-frontal."