Artigo:

Introdução: A síndrome nefrótica (SN) é uma das doenças renais pediátricas mais comuns e é caracterizada pela tríade de proteinúria, hipoalbuminemia e edema que acomete o gloméluro. Essa condição gera um estado de hipercoagulabilidade, sendo os eventos tromboembólicos uma complicação que acomete cerca de 3% dos pacientes, sendo as tromboses venosas cerebrais as mais frequentemente observadas, seguidas por tromboembolismo pulmonar. Os eventos tromboembólicos relacionados à SN em crianças inclui a tendência trombofílica do paciente, riscos relacionados ao tratamento, e a hipercoagulopatia relacionada à doença decorrente de anormalidades na agregação plaquetária, aumento da síntese de fatores pró-trombóticos, perda urinária de proteínas anticoagulantes, fibrinólise alterada e depleção de líquido intravascular. Objetivo: Compreender e analisar as evidências da ocorrência de eventos tromboembólicos na Síndrome Nefrótica pediátrica. Metodologia: Revisão integrativa com busca de artigos no PubMed. Foram encontrados 41 artigos com os descritores Nephrotic Syndrome and Thromboembolism and Pediatrics. Após exclusão de artigos anteriores a 2014 e os que não se adequavam ao tema, sobraram 10 artigos que foram analisados. Resultados: Poucos estudos foram encontrados, dentre eles relatos de caso onde foram identificados níveis muito baixos de albumina e grande proteinúria no paciente no momento da trombose, mostrando uma relação entre esses fatores. Outros dois estudos identificaram trombose de artérias pulmonares e seios venosos cerebrais durante remissão da doença com corticoide, com presença de proteinúria de 3+/4+ durante evento. Em coorte retrospectiva com 34 crianças de 2,5 a 12 anos com tromboembolismo por complicação da síndrome nefrótica, a trombose venosa cerebral foi a complicação mais comum em 11 (31,4%) crianças, seguida por tromboembolismo pulmonar em 9 (25,7%) e trombose venosa profunda em 5 (14,2%) crianças. Trombose de veia cava superior foi observada em uma criança. Infartos do sistema nervoso central foi observada em 7 (20%) crianças e 2 crianças tiveram trombose das artérias periféricas. Outra coorte retrospectiva analisou 280 crianças de 0 a 18 anos que tiveram eventos tromboembólicos. Desses, apenas 20 (7.1%) apresentavam síndrome nefrótica. Conclusão: Notou-se que os eventos tromboembólicos na síndrome nefrótica pediátrica são uma complicação rara que cursam com mau prognóstico. A sua ocorrência parece ter relação com a duração da doença e grau de proteinúria; assim como maior incidência em sítios como os seios venosos cerebrais e artérias pulmonares.