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Gapp e a Engenharia de Interface Homem x Máquina: o projeto entre a engenharia, ergonomia e design

Gapp and Human-Machine Interface Engineering: the project between engineering, ergonomics and design

FERREIRA, Eduardo Camillo K. ; BRAGA, Marcos da Costa ;

Artigo:

"O Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento (Gapp) foi um escritório brasileiro de projetos fundado por Sérgio Augusto Penna Kehl em 1976, que se tornou conhecido por seus trabalhos com especial foco em ergonomia desenvolvidos até o início dos anos 1990 quando deixou de atuar. O primeiro trabalho do escritório foi para a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô SP), seguido de diversos clientes do segmento de estatais, dentre os quais Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), Ferrovia Paulista S/A (Fepasa), Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene) etc. Os trabalhos constituíram-se principalmente de estações de trabalho. Para esse fim, o Gapp possuía uma profícua capacidade de áreas de atuação, dentre elas engenharia de produtos e processos, comunicação visual, arranjo físico e arquitetura, desenho industrial, física ambiental, ergonomia (Gapp, 1984). Mas a maneira que de fato se apresentavam era como um escritório de “engenharia de interface homem x máquina”, que seria: [...] campo do conhecimento [formado] pela fusão integrada de diversas ciências, cujas especialidades são orientadas em direção a um sentido uno: a organização das múltiplas interações do ser humano com as ferramentas do seu trabalho e seu cotidiano. (Gapp, 1984) Em outro documento, define-se a atuação do Gapp como: [..,] preocupação em ajustar os produtos que o homem cria e utiliza aos ambientes em que ele vive e também às suas características antropométricas, sensoriais, motoras e até psicológicas. O conhecimento que resume essa necessidade de harmonizaçào, interface homem-máquina, é a ergonomia que, aliada a física de ambientes, possibilita alcançar soluções que harmonizem os fatores através da coordenação o desenho industrial. (D&D, 1986, p. 6) O Gapp foi compreendido pela historiografia do design até o momento como um escritório de Desenho Industrial. No entanto, nos parece que essa não é a compreensão adequada tanto para a própria atuação do Gapp e sua gama de projetos e serviços, como não era a maneira como o escritório se apresentava. Conforme já defendemos noutro momento (Ferreira; Braga, 2023) o Gapp era um escritório de entendimento amplo da prática projetual. Não existiam, a princípio, problemas “de design” versus problemas “de engenharia”, delimitados a profissionais específicos em fases específicas. Pelo contrário, a ampla participação de todo projetista era incentivada. Assim, a amplitude de áreas que compõem a “engenharia de sistemas homem x máquina” reitera esse amplo entendimento da atividade projetiva, que ilustramos com a descrição dos projetos icônicos feitos pelo escritório. Esse conjunto forneceu um terreno bastante fértil que reverberou com algumas políticas públicas de caráter ainda desenvolvimentista do final da década de 1970 e ao longo de 1980, transparecendo como um componente “genético” do Gapp: nas soluções projetuais do escritório não se evidencia a criação de um “produto” brasileiro, mas a criação de tecnologia nacional. É essa tecnologia que era, ao final, entendida e defendida como aquilo que propiciaria um almejado avanço da nação brasileira e a melhoria da qualidade de vida de seu povo."

Artigo:

"Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento (Gapp) was a Brazilian design office founded by Sérgio Augusto Penna Kehl in 1976, which became known for its work with a special focus on ergonomics until the early 1990s when it ceased operations. The firm's first job was for Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô SP), followed by several clients in the state-owned companies segment, including Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), Ferrovia Paulista S/A (Fepasa), Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene), etc. The work consisted mainly of workstations. To this end, Gapp had a wide range of areas of expertise, including product and process engineering, visual communication, physical layout and architecture, industrial design, environmental physics and ergonomics (Gapp, 1984). But the way they actually presented themselves was as a “man-machine interface engineering” office, which would be: [...] a field of knowledge [formed] by the integrated fusion of various sciences, whose specialties are oriented towards a single direction: the organization of the multiple interactions of human beings with the tools of their work and their daily lives. (Gapp, 1984) Another document defines Gapp's work as: [...,] concern to adjust the products that man creates and uses to the environments in which he lives and also to his anthropometric, sensory, motor and even psychological characteristics. The knowledge that sums up this need for harmonization, the man-machine interface, is ergonomics which, together with the physics of environments, makes it possible to achieve solutions that harmonize these factors through the coordination of industrial design. (D&D, 1986, p. 6) Until now, design historiography has considered Gapp to be an Industrial Design office. However, it seems to us that this classification misrepresents both Gapp's own work and its range of projects and services, as well as the very way in which the office presented itself. As we have argued elsewhere (Ferreira; Braga, 2023), Gapp was an office with a broad understanding of design practice. At first, there were no “design” problems versus “engineering” problems, limited to specific professionals at specific stages. On the contrary, the broad participation of all designers was encouraged. Thus, the breadth of areas that make up “man-machine systems engineering” reiterates this broad understanding of design activity, which we illustrate with the description of the iconic projects carried out by the office. This provided a very fertile ground that reverberated with some public policies that were still developmentalist in nature at the end of the 1970s and throughout the 1980s, showing up as a “genetic” component of Gapp: in the firm's design solutions there is no evidence of the creation of a Brazilian “product”, but rather the creation of national technology. In the end, it was this technology that was understood and defended as what would advance the Brazilian nation and improve the quality of life of its people."

Palavras-chave: Engenharia de interface homem x máquina, ergonomia, GAPP, história do design,

Palavras-chave: Human-machine interface engineering, ergonomics, GAPP, history of design,

DOI: 10.5151/8spdesign-020

Referências bibliográficas
  • [1] "DESIGN E DECORAÇÃO. O Design e sua maior arma: a vontade de acreditar e investir. In: Design e Decoração. Ano 1, Número 1, Julho 1986
  • [2] FERREIRA, Eduardo Camillo K; BRAGA, Marcos da Costa; ""Sérgio Kehl: pioneiro no ensino de ergonomia e de projeto do produto no Brasil"", p. 1414-1434 . In: Anais do 14º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Paulo: Blucher, 202 DOI 10.5151/ped2022-9887423
  • [3] FERREIRA, Eduardo Camillo K; BRAGA, Marcos da Costa; ""A ampla concepção do Projetar como característica distintiva do GAPP"". Apresentação de trabalho. 7º SPDesign - Seminário de Pesquisa do PPG Design FAU USP. 2023
  • [4] GAPP. Portfólio. São Paulo, 1984"
Como citar:

FERREIRA, Eduardo Camillo K.; BRAGA, Marcos da Costa; "Gapp e a Engenharia de Interface Homem x Máquina: o projeto entre a engenharia, ergonomia e design", p. 73-76 . In: Anais do 8º SPDesign - Seminário de Pesquisa do PPG Design FAU USP. São Paulo: Blucher, 2024.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/8spdesign-020

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