Artigo:

Esta pesquisa de doutorado em andamento busca entender a obra de José Zanine Caldas e sua atividade projetual e didática, envolvendo as diversas áreas nas quais trabalhou: design, arquitetura, cenografia, paisagismo e urbanismo. A partir da busca e leitura de diversos jornais na Hemeroteca Nacional, abrangendo os anos de 1921 à 2010, encontramos duas atuações importantes de Zanine como cenógrafo: a) Quem É Beta? (Pas de Violence Entre Nous), uma co-produção brasileira e francesa, de 1973, com direção de Nelson Pereira dos Santos e Gérard Léclery. Foi filmado numa casa de Zanine no Jacarepaguá (a casa do herói). Segundo Nelson Pereira, a produção precisava ser econômica e a cenografia foi inventada na hora com o auxílio de Zanine. A inventividade a partir de poucos recursos retoma o manifesto “Estétyka da fome” de Glauber Rocha (Rocha, 1965). A própria casa do herói é fascinante, o teto da casa é dividido em doze partes independentes entre si, que são rotacionadas, podendo subir e descer, o que permite possibilidades diferentes de iluminação. O cenário é muito simples, elegante e visualmente equilibrado. O filme foi selecionado e apresentado na Quinzena dos realizadores de Cannes (Viany, 1973). b) Zanine também fez o cenário para o lançamento do disco “Clube da Esquina”, que aconteceu no teatro Fonte da Saudade em 1972. A direção foi de Ruy Guerra. (Correio da Manhã, 1972). A partir de 1968 as casas de Zanine, que ficavam no alto da Joatinga, foram o local de encontro de muitos músicos e artistas da época, como Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Gilberto Gil. Em 2016 o filme “Elis”, com direção de Hugo Prata, que busca a atmosfera cultural, artística e política da época, foi gravado na casa Leite Barbosa, projeto de Zanine de 1968.