Resumo:

A participação neste Seminário destina-se a apresentar e discutir o estágio atual de pesquisa de doutorado em desenvolvimento. O estudo aborda os arranjos de mobiliário em uso nos ambientes domésticos internos na Habitação de Interesse Social de promoção pública, brasileira, contemporânea. O objetivo principal é o reconhecimento das qualidades que importam quanto às necessidades materiais e simbólicas dos moradores, no campo do design de mobiliário popular e suas relações com a arquitetura que o abriga. Normas Técnicas e Especificações de Programas Habitacionais reconhecem os móveis como geradores do dimensionamento e formatação das moradias, baseados em critérios de atividades necessárias às funções do morar e sua espacialização apropriada. Mas, como todo espaço humano, o território doméstico é criado e organizado para propósitos sociais, que são subjacentes aos desejos e necessidades dos usuários, ou às funcionalidades atribuídas aos objetos. Parte-se portanto do entendimento teórico do território doméstico como um espaço produto de relações de produção e reprodução sociais, que conformam sua arquitetura, apresentam os objetos que irão povoá-lo e definem, em grande medida, quem os utilizará e em quais horários. Entre os principais conceitos norteadores da pesquisa está o de ‘paisagem’, de Milton Santos [um sistema fixo mas transtemporal de objetos passados e presentes, um dado técnico]; Bill Hillier e a definição de que os objetos arquitetônicos são aqueles que organizam o espaço [necessariamente feito pela configuração espacial entre eles]; José Guilherme C. Magnani e suas notas para uma etnografia urbana, ‘de perto e de dentro’. É pesquisa qualitativa e propõe a cartografia como meio de sistematizar, comunicar e refletir sobre os dados.