Artigo:

A presente pesquisa teve como objetivo central explorar como a formação de modelos mentais de time (MMTs) ocorre em equipes interdisciplinares de design durante a realização de projetos de visualização de informação (infovis). No contexto dos projetos de infovis, designers e stakeholders precisam atuar de maneira colaborativa para a realização do projeto por conta da interdisciplinaridade e especificidades de diferentes domínios inerentes a este tipo de atividade projetual (DORK et al., 2020). Todavia, trabalhos desta natureza apresentam dificuldades e desafios por conta dos diferentes conhecimentos envolvidos que podem causar o surgimento de barreiras semânticas e lacunas de conhecimento, além da alta complexidade informacional e da natureza abstrata dos conjuntos de dados (DORK et al., 2020 e LAMQADDAM et al., 2021). Assim, o construto MMT foi selecionado como lente teórica-prática para a investigação de como estes times interdisciplinares compartilham de maneira explícita seus conhecimentos durante a prática projetual. A literatura em torno do MMT propõe que por se tratar de um construto multidimensional, o MMT permite investigar como os modelos mentais de cada indivíduo da equipe são compartilhados em múltiplas dimensões, sendo as principais as relacionadas à tarefa e à equipe. Autores seminais apontam que ao compartilhar seus modelos mentais, os membros da equipe passam a prever as ações dos outros membros e coordenam seus comportamentos de modo a influenciar a performance da equipe (CANNON-BOWERS et al., 1993). No campo do design, BADKE-SCHAUB et al. (2007) reforçam a importância do construto ao destacar que este permite estudar os processos cognitivos que ocorrem em grupos de design e como estes profissionais elaboram e colocam em prática suas estratégias procedurais. A partir da realização de uma revisão sistemática de literatura (RSL), um modelo referencial teórico foi elaborado, juntamente com a estruturação de seis proposições teóricas. Na sequência, um protocolo de experimento foi elaborado por meio da triagem das pesquisas contidas na amostra da RSL. Como principal instrumento de pesquisa, foi operacionalizado o Sistema de categorização para atividades verbais em equipes de design, elaborado por Casakin e Badke-Schaub (2017). Este instrumento tem como objetivo codificar as falas de atividades de design realizadas em grupos e assim possibilitar a análise da comunicação verbal explícita da equipe. Após a realização dos workshops de brainsketching com dois grupos de voluntários, os áudios foram transcritos e passaram pelo processo de codificação segundo as diretrizes do instrumento de pesquisa. Na sequência, os dados foram tratados e analisados por meio de gráficos e tabelas. A análise ocorreu de acordo com cada uma das proposições teóricas, o que possibilitou o mapeamento de evidências de como cada grupo atuou ao longo dos workshops. A construção teórica da pesquisa partiu da reformulação de cinco das seis variáveis, seguido da construção de uma nova versão do modelo referencial. Como forma de sintetizar a teoria e viabilizar sua aplicação, um modelo processual foi elaborado para a aplicação das variáveis independentes em contexto similar às configurações do estudo.