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Morte e Vida de Cidades Inteligentes: 5 anos de observações

Death and Life of Smart Cities: 5 years of observations

ALONSO, Andre Deak ; BEIGUELMAN, Giselle ;

Artigo:

Mais de 60 anos depois de publicar Morte e Vida de Grandes Cidades (2018), Jane Jacobs ainda é uma referência para o urbanismo mundial. Vemos agora o discurso das smart cities reformularem a narrativa tecnocrata tão critica por ela, em defesa não mais dos automóveis ou edifícios e de uma certa modernidade, mas de outra, ainda mais tecnoutópica. Esta pesquisa, iniciada em 2018 e intermediada por uma pandemia global, fez uma varredura bibliográfica buscando 10 anos de artigos publicados, um processo de revisão sistemática através da extração massiva de dados em bases acadêmicas com milhares de artigos. O resultado aponta para indefinições conceituais e para o esgotamento deste discurso, sobretudo porque tem sido percebido como colonialista (FAUSTINO, LIPOLD, 2022) e tecnocêntrico (WILLIS, AURIGI, 2020). O processo de pesquisa foi também uma contínua desconstrução epistemológica na medida em que foram percebidas as relações entre tecnologia e antropoceno, e o quanto o próprio método de mineração de dados para realizar a revisão sistemática se aproximava de procedimentos coloniais de exploração e produção. A partir daí teve início uma investigação de epistemologias do Sul (SANTOS, MENESES, 2009) capazes de trazer novos olhares para o fenômeno não apenas das cidades inteligentes, mas da tecnologia e suas relações com grandes agrupamentos urbanos. O resultado da pesquisa foi, além da percepção de que as smart cities têm sido sobretudo uma narrativa de colonização pelo design, uma abertura para repensar as tecnologias e seus usos e apropriações de maneiras mais antropofágicas, baseadas em modelos decoloniais, de resistência, de desobediência e resiliência. O futuro das cidades só existirá na medida em que inclua nele epistemologias periféricas, negras, de mulheres, de povos originários e de todos aqueles que hoje estão à margem do discurso e do foco dos evangelistas de cidades ditas inteligentes.

Artigo:

More than 60 years after publishing Death and Life of Great Cities (2018), Jane Jacobs is still a reference for world urbanism. We now see the discourse of smart cities reformulating the technocratic narrative so critical for it, in defense no longer of cars or buildings and of a certain modernity, but of another, even more techno-utopian. This research, started in 2018 and mediated by a global pandemic, made a bibliographic scan seeking 10 years of published articles, a systematic review process through massive data extraction in academic databases with thousands of articles. The result points to conceptual uncertainties and the exhaustion of this discourse, mainly because it has been perceived as colonialist (FAUSTINO, LIPOLD, 2022) and technocentric (WILLIS, AURIGI, 2020). The research process was also a continuous epistemological deconstruction insofar as the relationships between technology and the Anthropocene were perceived, and how much the data mining method itself to carry out the systematic review approached colonial procedures of exploration and production. From there, an investigation of epistemologies from the South began (SANTOS, MENESES, 2009) capable of bringing new perspectives to the phenomenon not only of smart cities, but of technology and its relations with large urban groups. The result of the research was, in addition to the perception that smart cities have been above all a narrative of colonization through design, an opening to rethink technologies and their uses and appropriations in more anthropophagic ways, based on decolonial models, of resistance, of disobedience. and resilience. The future of cities will only exist to the extent that it includes peripheral epistemologies, black, women, native peoples and all those who today are outside the discourse and focus of evangelists of so-called smart cities.

Palavras-chave: smart cities; colonialismo; antropoceno; epistemologias do Sul,

Palavras-chave: smart cities; colonialism; anthropocene; southern epistemologies,

DOI: 10.5151/6spdesign-008

Referências bibliográficas
  • [1] FAUSTINO, D.; LIPPOLD, W. 2022. Colonialismo Digital: por uma crítica hacker-fanoniana. São Paulo: Editora Raízes da América.
  • [2] BRUNO, F.; CARDOSO, B.; KANASHIRO, M.; GUILHON, L.; MELGAÇO, L. (orgs.). 2018. Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo.
  • [3] JACOBS, J. 2018. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes.
  • [4] SANTOS, B.; MENESES, M. P. (orgs.). 2009. Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina.
  • [5] WILLIS, k; AURIGI, A. 2020. The Routledge Companion to Smart Cities. London: Taylor & Francis Group.
Como citar:

ALONSO, Andre Deak; BEIGUELMAN, Giselle; "Morte e Vida de Cidades Inteligentes: 5 anos de observações", p. 15-16 . In: Anais do 6º SPDesign - Seminário de Pesquisa do PPG Design FAU USP. São Paulo: Blucher, 2024.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/6spdesign-008

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