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Plataformas do fenômeno da Economia do Compartilhamento são definidas como negócios fundamentados em tecnologias computacionais (Souza et al., 2019) que oferecem serviços de conexão entre pessoas ou entre pessoas e objetos (True et al., 2017), por meio de plataformas digitais, manipulando grandes massas de usuários (Akhmedova et al., 2020). Por estarem fundamentadas em infraestruturas digitais, as empresas operadoras de plataformas, a fim de atingirem benefícios próprios, coletam, retém, analisam e acionam incontáveis dados gerados espontaneamente por qualquer usuário que utilizar seus produtos. Como descreve Zuboff (2020), “todos os aspectos da experiência humana são reivindicados como suprimentos de matéria prima e usados para finalidade de serem transformados em dados comportamentais”. Sendo assim, o design para experiência do usuário (UXD) passa a estar em um lugar estratégico na cadeia de funcionamento das plataformas enquanto instrumento de captação e retenção de clientes. Sob a perspectiva da realidade de países do sul global, o presente trabalho investiga a prática profissional do design sob o ponto de vista de lideranças de design, considerando o duplo papel executado por tais plataformas de, por um lado, proporcionar acesso às classes médias a serviços antes oferecidos apenas aos muito ricos enquanto, de outro, oferecem subempregos revestidos da retórica do empoderamento ou empreendedorismo à uma massa de trabalhadores desempregados (Beiguelman, 2020). Para tanto, a captação de dados foi feita através de entrevistas semi-estruturadas nas quais tratou-se dos temas: organização de equipes e atividades do dia a dia, abordagens de design com usuários, percepções a respeito do impacto do trabalho de design. O tema de formação do profissional de UXD surgiu de forma relevante e espontânea nas primeiras entrevistas, o que nos levou a incorporá-lo às demais. Foram entrevistadas oito pessoas que ocupavam cargos de liderança em empresas operadoras de plataformas digitais. As entrevistas foram transcritas e analisadas por meio do método diagrama de afinidades, a partir do qual obteve-se uma árvore taxonômica de três níveis com categorias conceituais geradas de forma indutiva. O nível mais alto conta com cinco categorias: Características organizacionais de empresas plataformas; Características do trabalho de design; Relacionamento entre designers e usuários; O valor do design para empresas plataformas; e Entendimentos sobre o campo do UX Design. Dentre as categorias obtidas, a mais interessante, talvez, seria aquela que diz respeito à compreensão do valor do design para empresas-plataformas. As lideranças observam que, de modo geral, as companhias se interessam pelo design por enxergar na área a capacidade de desenhar experiências agradáveis aos seus clientes e esperam que designers defendam os interesses dos usuários. No entanto, há uma preocupação muito grande em solucionar, antes de tudo, os problemas de negócio como forma de tornar o design mais relevante na hierarquia empresarial. As lideranças sugerem que o design não é executado em toda sua potência e almejam o status de "Design Estratégico", o qual se consolidaria com designers tomando decisões de alto nível que garantam o futuro das empresas. O desenho da profissão na economia do compartilhamento está, portanto, associado à proposição de produtos e serviços que conciliem as perspectivas dos usuários enquanto atendem, em primeiro lugar, às necessidades de sobrevivência e crescimento das empresas.