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Este trabalho é fruto da pesquisa de doutorado em andamento que busca compreender a formação dos interiores do Palácio da Alvorada, do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Palácio Itamaraty, elaborados entre os anos de 1956 a 1970. A presente análise tem como recorte o procedimento projetual desenvolvido no Palácio da Alvorada, a residência oficial do Presidente da República. Inaugurado em 1958, esse edifício institucional é marcado pelas colunas escultóricas desenhadas por Oscar Niemeyer e pelo contraste interno criado pelos revestimentos litoides, espelhados e em madeira que, dependendo da interação entre as partes, ora tendem para a criação de um ambiente monumental, ora para um ambiente mais intimista. Anna Maria Niemeyer foi a principal responsável pela solução dos interiores, desenhando o mobiliário e selecionando as peças que compõem os ambientes internos, como tapeçarias de Madeleine Colaço e Di Cavalcanti, esculturas de Alfredo Cheschiatti, além de pinturas de Maria Leontina e de Djanira da Motta. O objetivo central é apresentar e compreender a disposição espacial, a partir da relação entre interiores, mobiliário e trabalhos artísticos. Para isso, realiza-se o levantamento de fontes primárias diversas, como projetos, croquis, fotografias, jornais, revistas de arquitetura, relatórios e ofícios institucionais, a fim de sustentar uma leitura cruzada entre documentação de imagem e textual, o que amplia a compreensão sobre a formação dos interiores palacianos e a importância do design nesse processo. Tal levantamento e análise apontam para a complexidade na leitura da formação dos interiores dos palácios de Brasília, uma vez que a documentação levantada retrata um momento específico desses interiores, ou seja, é estática no tempo. Por sua vez, as peças que compõem os ambientes são suscetíveis à mobilidade espacial e às novas demandas.