Resumo:

"A realidade do povoado de Bebedouro, do município de Santo Amaro do Maranhão, é comum há tantos outros inseridos no contexto de área de preservação e conservação do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O cenário reflete diretamente sobre os dados oficiais referentes ao saneamento, mais precisamente, sobre a ausência dos banheiros nas habitações. A população que vive nestas áreas está entre as mais vulneráveis do país, e suas condições de vida e trabalho estão intimamente ligadas aos processos pelos quais constroem e usam suas casas (BORGES, 2018). Autilizaçãodeabordagensdodesignparticipativodentrodesteprocessodeinvestigaçãoemumcenáriode vulnerabilidade social é uma, entre tantas as demonstrações da contribuição do design na busca por soluções de problemas de pesquisa ou reais. Logo, a pesquisa em questão, cujo objetivo é exploratório, tem seu valor pautado na participação efetiva da comunidade ao longo do processo de desenvolvimento, baseado em provocações e reflexões sobre os temas de higiene e sustentabilidade. Tal abordagem permite a apropriação do conhecimento por parte dos autores – a comunidade – além de enriquecer o produto que será gerado quando da finalização do estudo, fundamentado por dados qualitativos. Os métodos que serão adotados para a captação das informações são revisão bibliográfica sistemática, revisão bibliográfica e assistemática, baseada na pesquisa de campo que será pautada na observação participante, e que fomentará o desenvolvimento/escolha da(s) ferramenta(s) de design participativo adequada(s) para aplicação, levando consideração as limitações da população e meios para evitar o constrangimento quanto à abordagem de tais temáticas. As ferramentas consideradas dentro do escopo para a realização da pesquisa, até então, são a realização de oficinas, jogos, grupos focais, exposições de fotos e sondas culturais. Considerando este contexto, o design participativo pode contribuir, através da utilização de suas ferramentas, para a compreensão da relação dos moradores com higiene pessoal, princípios de sustentabilidade e a natureza. Para Manzini (2017), o design é um processo social difuso, que é praticado por designers, e por não designers. E, quando envolve participação, é necessário pensar/desenvolver abordagens e ferramentas para a sua realização, de forma que todos se tornem autores. Segundo Escobar (2020), o design participativo vai além da forma de participação domesticada e superficial herdada da Europa. E, se tratando de pesquisa participativa, todas devem visar transformação social, e considerar as categorias e experiências dos grupos envolvidos, acolhendo conhecimentos múltiplos e dimensões qualitativas,emocionaiseespirituais. Emcontrapontoatodaaevoluçãotecnológica,quevemsidoempregadanas pesquisas da atualidade, o valor tecnológico desta proposta está no desenvolvimento, principalmente, de ferramentas adequadasparaasabordagens,considerandoaslimitaçõesdacomunidade. Talcondição,noslevaainvestirno resgate dos valores e saberes tradicionais e levar a proposição de meios acessíveis para a captação das informações que fundamentarão o estudo. Por se tratar de um tema que vai de encontro a uma política pública voltada para saúde e saneamento, a pesquisa se faz pertinente e necessária a fim de apresentar, através desse recorte, condições similares à realidade da população camponesa maranhense, principalmente, no que tange questões de higiene e princípios de sustentabilidade envolvidos em suas práticas."