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Vários autores no campo da filosofia da ciência, da pedagogia e da prática profissional de design reportam-se à centralidade da figura do erro como instrumento de orientação e aprimoramento de compreensões de mundo por parte dos alunos. Karl Popper, no século XX, foi um dos mais proeminentes defensores do papel do erro como vetor de condução a juízos progressivamente menos equivocados sobre a realidade. Henry Perkinson, discípulo norte-americano de Popper, estendeu essa concepção ao universo da filosofia da educação, defendendo a identificação e retificação de erros no processo de aprendizado, compreendido como prática subtrativa cumulativa de imperfeições, em direção a estados de competência mais aprimorados. Nadia Volchansky (2018), designer e professora universitária norte-americana, alega que a busca por soluções no design baseia-se em tentativa e erro, o que, inevitavelmente, leva à constatação de falhas. Já Henry Petroski (2018), engenheiro e professor norte-americano, conjectura que testes bem-sucedidos não seriam dignos de nota e que as falhas nos ensinariam mais que os sucessos sobre o design das coisas.mPresume-se, na investigação, que haveria, de fato, múltiplas instâncias de ocorrência de erro em processos de ensino de projeto em design. Pressupõe-se, também, que a figura do erro teria algum tipo de influência no desenvolvimento de projetos e que determinadas propostas de exercícios apresentariam maior potencial do que outras de suscitar ocorrências de erros e falhas. A pesquisa de doutorado recém-iniciada, de natureza qualitativa e caráter sobretudo fenomenológico, mas também descritivo-observacional, visa identificar o papel da figura do erro, de falhas e de equívocos, como presumíveis formas de retroalimentação, em processos de aprendizagem de competências de desenvolvimento de projeto de design visual, de produto e/ou de serviço, em cursos de graduação selecionados na cidade de São Paulo, entre 2023 e 2026. Busca-se, entre outros aspectos, detectar tipos de manifestações de erro em práticas pedagógicas, momentos em que elas ocorram, sentimentos e percepções associadas a ele, papel do erro na dinâmica específica do aprendizado de processos de projeto. Para tanto, a investigação se apoiará em entrevistas semiestruturadas em profundidade com especialistas teóricos, professores, alunos e ex- alunos já profissionais, complementadas por elementos da literatura sobre o tema e por observações diretas “in loco”. Neste primeiro ano do estudo, a pesquisadora vem acompanhando duas disciplinas de projeto de design em instituições distintas de graduação de design em São Paulo. Espera-se, ao final da pesquisa, poder sistematizar ocorrências instrutivas do papel do erro e de falhas em processos de aprendizagem de competências de projeto em design, indicando suas múltiplas possíveis modalidades; naturezas e formas de suas manifestações; momentos das fases de projeto em que mais frequentemente incidam; fatores percebidos como incentivadores ou inibidores do aprendizado pelo erro, entre outros aspectos. Objetiva-se, assim, contribuir para o ensino de projeto de design e, por extensão, para melhor compreensão do papel alegadamente central da figura do erro em práticas pedagógicas em geral.