Revisão de Literatura:

**INTRODUÇÃO: **Maus-tratos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, correspondem a qualquer ação ou omissão por parte do adulto cuidador, que cause dano ao desenvolvimento da criança ou adolescente. Estudos mostram que a cada 1.000 crianças, 10 a 30 são vítimas de maus-tratos. No Brasil, em 2015, segundo a secretaria Especial de Direitos Humanos, haviam 26.868 adolescentes no sistema socioeducativo. A partir disso, sabe-se que são inúmeros os fatores que podem influenciar os jovens a tornarem-se infratores, um fator crucial são os maus-tratos na infância. **OBJETIVO:** Identificar a relação entre os maus tratos infantil e o desenvolvimento de jovens infratores. **MÉTODOS: **Trata-se de uma revisão da literatura, realizada por meio da busca de artigos em bases de dados (Medline, LILACS, SciELO). Não determinou-se um limite temporal, mas os resultados utilizados foram baseados na relevância do tema proposto.** RESULTADOS:** Pesquisas sugerem que os adolescentes com vínculos pouco efetivos com a família têm maior probabilidade de se envolverem em infrações do que aqueles com relações familiares estreitas. Segundo Donald Winnicott, crianças vítimas de maus tratos familiares guardam ódio de maneira inconsciente e o crime praticado é movido por um sentimento de vingança e representa um sinal de socorro para suprir a falta de apoio familiar. Estudos mostram que crianças submetidas à violência doméstica, quando comparadas às que não sofreram, são mais agressivas. E que história de punição física grave, por parte dos pais, é um acontecimento presente em mais da metade dos jovens infratores. Foi evidenciada uma relação importante entre maus-tratos na infância e a predisposição para transtornos mentais e uso de substâncias. **CONCLUSÕES: **Maus-tratos sofridos pelas crianças e adolescentes têm importante relevância na saúde pública, uma vez que, podem resultar em alteração da saúde mental e psicossocial do indivíduo, podendo chegar à criminalidade. Destaca-se a importância da intervenção o mais precoce possível, através da identificação e notificação dos casos para que a relação entre maus-tratos e delinquência possa ser minimizada. É necessário que se faça um trabalho paralelo com os adolescentes infratores e as suas respectivas famílias. A Lei Tutelar Educativa não prevê uma intervenção direta com as famílias dos jovens infratores, que estão, muitas vezes, na origem dos comportamentos desviantes.