Resumo:

Propõe-se analisar como são criados e concebidos espaços voltados ao livre brincar infantil visando elaborar algumas premissas projetuais que poderiam contribuir para a forma como se propõem estes espaços. Pretende-se investigar que aspectos são considerados para que se estimulem autonomia, cooperação, interação e criatividade nas crianças, destacando aqueles que exploram essencialmente a pintura no piso. Inicialmente, será apresentada a fundamentação teórica relativa ao livre brincar, o conceito de lúdico a partir de Huizinga e sua importância no desenvolvimento físico e motor, psicossocial e cognitivo infantil segundo Piaget, Vigotsky e Winnicott. Também serão analisadas as questões urbanas e a relevância de se suscitar, nas crianças, sentimento de pertencimento, identidade e cidadania destacando iniciativas que se realizaram durante o movimento moderno com Aldo van Eyck e o casal Smithson e durante a instauração da crítica de arquitetura e urbanismo sob a ótica de Jane Jacobs. E, por fim, serão esquadrinhadas algumas teorias e discussões referentes ao processo projetual contemporâneo para a criação de espaços destinados ao brincar que apóiem e estimulem as crianças, sem cerceá-las e restringi-las, nem subjugar sua capacidade criativa, considerando a responsabilidade social do arquiteto, por Elvira de Almeida e Mayumi Souza Lima. Métodos de escuta, propostas participativas lúdico-criativas e experimentos, entre outras ferramentas de coleta de dados preconizadas pela Antropologia das Infâncias, foram realizados em uma escola municipal de educação infantil de São Paulo a fim de explorar as percepções e relações das crianças entre si, com o espaço, com a cidade e com o brincar.