Revisão de Literatura:

**INTRODUÇÃO:** Os principais componentes da _Cannabis sativa _relacionados à aplicação médica são o Δ9-tetra-hidrocanabinol (Δ9-THC) e o canabidiol (CBD). Os canabinoides (CNB) apresenta efeitos benéficos como potencial anti-inflamatório, importante modulação da migração de células neurais e proteção contra neurotoxinas. Devido à sua associação com a integridade do sistema nervoso central (SNC), vários estudos buscam avaliar a aplicação do CNB no tratamento de tumores que acometem esse sistema. **OBJETIVOS:** Identificar se existem e quais são os benefícios da terapia com CNB em tumores do SNC. **METODOLOGIA:** Foram selecionados artigos nas bases de dados do Pubmed, Scielo, Cochrane Library e Lilacs utilizando os termos “Cannabinoids AND Nervous System Neoplasms” para a realização de uma revisão sistemática. Foram incluidas todas as publicações até 13/02/2020. Dos 98 artigos inicialmente identificados, 19 preencheram os critérios de inclusão, estudos em seres humanos dos últimos 10 anos compatíveis com os objetivos propostos em inglês, português e espanhol. **RESULTADOS:** O uso de CNB no tratamento de tumores do SNC demonstrou efeitos positivos, como a inibição do crescimento tumoral e metástases e regressão do tumor. O CNB atua inibindo a proliferação celular e a angiogênese tumoral, reduzindo o recrutamento da microglia para o tumor, induzindo a apoptose de células tumorais e diminuindo a migração e invasão dessas. Essa apoptose ocorre, pois os tumores malignos do SNC tem a expressão aumentada de receptores CB1 e CB2, e, com o uso de CNB, a involução do tumor é maior devido a devido a sua ação nesses receptores. Ademais, foi demonstrado eficácia do tratamento até mesmo no tumor mais letal do SNC, o Glioblastoma. Entretanto, um dos artigos demonstrou que a inibição da proliferação celular e apoptose das células não se limitou às células tumorais, causando um efeito neurotóxico. **CONCLUSÃO:** Existem perspectivas encorajadoras para o uso de plantas canabinóides isolados ou grupos sintetizados em conjunto com quimioterapia convencional para tumores do SNC. Por outro lado, o uso isolado de CNB possui diversos desafios, uma vez que se faz necessário altas doses para efeitos significativos o que pode intensificar sua possível neurotoxicidade. É importante, portanto, aumentar rapidamente a compreensão farmacológica e molecular dos receptores do tipo CB em geral e das células da glia em particular, para que possamos explorar suas propriedades desejáveis para ganho terapêutico.