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Expandir da Madrugada: Monoculturas e Ecologias na prática do design

Expanding the Dawn: Monocultures and Ecologies in Design Practice

Cunha, Bruna Avellar M. C. ; Oliveira, Lívia Silva ; Arruda, Vitor Monte ; Ibarra, María Cristina ;

Artigo :

O antropólogo britânico, Tim Ingold (2016), afirma que a atencionalidade nos leva a romper com a objetificação e a dominação da vida, uma vez que somos sujeitos que fazemos, mas também, somos objetos que sofremos. Segundo Arturo Escobar (2020), antropólogo colombiano, o design é um domínio ou espaço importante para a criação de mundos e produção da vida, sendo sustentado até hoje dentro do que conhecemos como tradição racionalista. Por sua vez, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos (2008), retrata que uma das características da tradição racionalista é o reducionismo, não enxergar a riqueza inesgotável do mundo. Para combater o caráter reducionista e hierarquizante da racionalidade, este sociólogo propõe uma Sociologia das Ausências. Ou seja, uma sociologia insurgente que mostra aspectos invisíveis à realidade hegemônica do mundo. Esta invisibilidade diminui a riqueza do presente. O autor afirma que não há uma maneira única de produção das ausências, mas destaca cinco modos que as ciências sociais compartilham. Ele chama esses modos de monoculturas. Em contrapartida, ele propõe também cinco ecologias para substituir estas monoculturas que buscam inverter esta situação. No presente artigo, buscamos aprofundar duas ecologias: a Ecologia dos Saberes e a Ecologia da Transescala. A partir delas nos perguntamos como o design pode contribuir para uma valorização de outros tipos de conhecimentos para além do acadêmico e de sistemas alternativos de produção para além dos capitalistas. Para isso, foi desenvolvido um projeto de 9 semanas na Feira Agroecológica das Graças (FAG), em Recife. Nele, foram utilizados ferramentas e conceitos do Design Participativo (DP), como sondas culturais; e abordagens como a pesquisa de campo. Como resultado, propomos um Guia experimental como uma maneira por meio do design de valorização de saberes extra-acadêmicos e de sistemas alternativos de produção.

Artigo :

The British anthropologist Tim Ingold (2016) states that attention leads us to break away from the objectification and domination of life, since we are subjects that we do, but we are also objects that we suffer. According to Arturo Escobar (2020), a Colombian anthropologist, design is an important domain or space for the creation of worlds and the production of life, being sustained until today within what we know as rational tradition. For the sociologist Boaventura de Sousa Santos (2008), one of the characteristics of the rationalist tradition is reductionism, not seeing the inexhaustible wealth of the world. To combat the reductionist and hierarchical character of rationality, this sociologist proposes a Sociology of Absences. In other words, an insurgent sociology that shows the invisible aspects of the world's hegemonic reality. This invisibility provides the richness of the present. The author states that there is no single way of producing absences, but highlights five ways that the sciences share. He calls these modes monocultures. On the other hand, he also proposes five ecologies to replace these monocultures, in order to be able to reverse the situation. In this article, we seek to deepen two ecologies: the Ecology of Knowledge and the Trans-scale Ecology. Based on them, we ask ourselves how design can contribute to an appreciation of other types of knowledge beyond the academic and alternative production systems beyond the capitalist ones. For this, a 9-week project was developed at the Feira Agroecológica das Graças (FAG), in Recife. In it, the tools and concepts of Participatory Design (DP) were used, such as cultural probes; and how to approach field research. As a result, we propose an Experimental Guide as a way through the design of valuing extra-academic knowledge and alternative production systems.

Palavras-chave: design; sondas culturais; ecologias e monoculturas; racionalidade; feira agroecológica das graças,

Palavras-chave: design; cultural probes; ecologies and monocultures; rationality; feira agroecológica das graças,

DOI: 10.5151/jopdesign2021-13

Referências bibliográficas
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  • [10] "
Como citar:

Cunha, Bruna Avellar M. C. ; Oliveira, Lívia Silva ; Arruda, Vitor Monte ; Ibarra, María Cristina ; "Expandir da Madrugada: Monoculturas e Ecologias na prática do design", p. 97-108 . In: Anais da II Jornada de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Design - UFMA. São Paulo: Blucher, 2021.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/jopdesign2021-13

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